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As 5 principais ameaças cibernéticas que devem marcar o segundo semestre de 2025

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O Brasil vive um momento crítico no campo da cibersegurança. Em 2024, o país movimentou R$17 bilhões em investimentos no setor, reflexo direto do crescimento de ameaças digitais cada vez mais sofisticadas, segundo dados da Peers Consulting + Technology. No primeiro semestre de 2025, o cenário se intensificou: ataques com ransomware aumentaram 149% no mundo, enquanto golpes que utilizam inteligência artificial já representam mais de 80% dos casos de phishing, de acordo com a Axis Insurance e a Hoxhunt.

A recente tentativa de desvio bilionário via sistema do Banco Central, com ataque hacker à C&M Software, que afetou seis instituições financeiras e é considerado o maior da história do Brasil, acendeu o alerta vermelho em setores estratégicos, principalmente no sistema financeiro, infraestrutura crítica e administração pública.

Nesse contexto de alta complexidade e exposição, Rodolfo Almeida, COO da ViperX, empresa especializada em proteção de ativos digitais, aponta cinco frentes críticas de ameaça que devem dominar o cenário de risco cibernético nos próximos meses. A análise leva em conta tendências globais, dados de inteligência de ameaças e incidentes reais registrados recentemente.

A seguir, os principais vetores de ameaça identificados:

  1. Ransomware 3.0 com tripla extorsão

A nova geração de ransomware vai além da criptografia e do vazamento de dados. Grupos como Qilin, Akira e RansomHub passaram a incluir também ataques de negação de serviço (DDoS), ampliando o impacto e a pressão sobre as vítimas. Segundo relatório da Axis Insurance, os incidentes com ransomware cresceram 149% no primeiro semestre de 2025, e 31% já envolvem o chamado modelo de tripla extorsão.

“O Brasil é um dos principais alvos, especialmente por conta de sistemas de pagamentos como o Pix e o Open Finance. O impacto imediato atrai grupos que buscam alto retorno com baixo esforço físico”, explica Rodolfo Almeida.

  1. Deepfakes em tempo real usados em fraudes corporativas

Clonagem de voz e vídeo em tempo real passou a ser utilizada por criminosos para fraudes conhecidas como BEC 2.0 (Business Email Compromise). A técnica já provocou prejuízos de mais de US$200 milhões no mundo em 2025, de acordo com a Veriff. Um dos casos mais emblemáticos foi o da empresa britânica Arup, que perdeu US$25 milhões após uma videochamada com um executivo falso.

“Ferramentas de deepfake ‘como serviço’ tornaram essas fraudes acessíveis. Em segundos, criminosos simulam aprovações ou autorizações com aparência legítima”, alerta Almeida.

  1. Ataques à cadeia de suprimentos de software

O comprometimento de bibliotecas open source e plataformas SaaS tem crescido de forma acelerada. Em junho, um incidente envolvendo a Groundhogg distribuiu malware por meio de uma atualização oficial, atingindo toda a base de clientes. Relatório da ReversingLabs aponta um aumento de 1.300% em pacotes OSS maliciosos desde 2020. No Brasil, a exigência de SBOM (Software Bill of Materials) — um inventário que detalha todos os componentes e dependências de um software — passou a ser incorporada aos contratos com instituições financeiras.

“Organizações precisam auditar não só suas próprias aplicações, mas também o ecossistema de fornecedores e integrações. A cadeia de software é hoje um dos elos mais frágeis”, comenta o executivo.

  1. Exploração de APIs financeiras

A aceleração do Open Finance e a crescente dependência de APIs vêm acompanhadas de falhas de segurança. No dia 2 de julho, o ataque à C&M Software – que segue repercutindo – afetou seis instituições financeiras brasileiras, provocando vazamento de dados, suspensão temporária de serviços e um prejuízo bilionário, considerado o maior da história do país até o momento.

Segundo a Akamai, 88,7% das instituições financeiras foram alvo de ataques a APIs no último ano, com foco em brechas como autenticação fraca e autorização mal configurada (BOLA). “APIs mal protegidas expõem não só dados, mas também fluxos financeiros críticos. É uma porta de entrada cada vez mais visada pelos cibercriminosos”, afirma Rodolfo Almeida.

  1. Phishing com IA e hiperpersonalização

Com a ajuda de modelos de linguagem natural, os e-mails de phishing ficaram mais difíceis de detectar. Conteúdos são gerados com base no histórico de comportamento da vítima, com tom personalizado e livre de erros. A Hoxhunt identificou que 82% dos e-mails de phishing em 2025 já foram produzidos com apoio de inteligência artificial. Quando comparadas com campanhas convencionais, essas mensagens apresentam uma taxa de clique 17% maior. “Não se trata mais de detectar erros de português. Os ataques agora são sofisticados, bem escritos e altamente direcionados. A IA mudou o jogo”, pontua Almeida.

Como mitigar os riscos? Entre as principais recomendações da ViperX para mitigar as ameaças estão:

  • Autenticação multifator com tokens físicos
  • Confirme transferências ou solicitações de dados sensíveis por um segundo canal (telefonema conhecido ou app oficial).
  • Monitoramento contínuo de APIs e implementação de gateways de segurança
  • Auditoria de fornecedores e exigência de SBOM
  • Treinamentos de conscientização 2.0: inclua “desafio deepfake” e simulações de phishing com IA para treinar reconhecimento de voz/vídeo falsos. 

O que fazer se suspeitar que foi vítima?

  • Isolar e coletar evidências: desconecte o dispositivo da rede, mas não o desligue; preserve logs.
  • Trocar credenciais: altere senhas de e-mail, bancos e redes sociais de um dispositivo confiável.
  • Avisar a instituição financeira:  bloqueie cartões/Pix imediatamente; muitos bancos têm canal 24 h de fraude.
  • Registrar incidente: abra ticket no CERT.br e faça boletim de ocorrência (delegacia de crimes cibernéticos).
  • Contato com especialistas: acione sua equipe de resposta a incidentes para análise forense, erradicação e prevenção de reinfecção.
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