Ele participa da construção das membranas celulares, da produção hormonal e até da síntese de vitamina D. No entanto, quando em excesso, transforma-se em um inimigo silencioso, capaz de corroer lentamente as artérias e comprometer a saúde cardiovascular.
Quem explica essa dualidade é a Dra. Haila Almeida, cirurgiã vascular, que traz uma visão clara e didática sobre como compreender e prevenir esse processo que ameaça, em silêncio, a vitalidade dos nossos vasos sanguíneos.

O “mocinho” e o “vilão” do sangue
Segundo a especialista, o colesterol circula no sangue em diferentes formas, cada uma com função própria. O LDL, conhecido como “colesterol ruim”, torna-se prejudicial apenas quando presente em excesso. Ele se deposita nas paredes das artérias, especialmente em áreas de microlesões causadas pelo fluxo turbulento do sangue, dando início a um processo inflamatório que resulta na formação da placa aterosclerótica.
Por outro lado, o HDL, chamado de “bom colesterol”, atua como verdadeiro herói, removendo o excesso de colesterol e levando-o de volta ao fígado. No entanto, mesmo esse mecanismo protetor tem seus limites, e o desequilíbrio ao longo dos anos pode estreitar os vasos, obrigando o coração a trabalhar sob pressão constante.
O risco vai além dos números
A Dra. Haila ressalta que os exames tradicionais muitas vezes não contam toda a história.
“Duas pessoas com o mesmo nível de LDL podem ter riscos completamente diferentes. Isso depende do tamanho das partículas, da presença de inflamação sistêmica e até de fatores genéticos pouco investigados, como a lipoproteína(a)”, explica.
Esses detalhes, frequentemente ignorados, podem determinar quem está em maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares — e por isso a medicina moderna tem buscado novas formas de diagnóstico e acompanhamento.
Novos tratamentos e velhos aliados
As estatinas continuam sendo um recurso eficaz para reduzir a produção hepática de colesterol, mas novos medicamentos, como os inibidores da PCSK9, vêm oferecendo alternativas ainda mais potentes para casos de difícil controle.
Entretanto, a médica alerta: “Nenhum remédio faz milagre sozinho”. Mudanças no estilo de vida continuam sendo a base de um tratamento eficaz. A dieta mediterrânea, rica em gorduras boas, fibras e antioxidantes, aliada à prática de exercícios aeróbicos e de resistência, são armas poderosas contra a inflamação e a progressão da aterosclerose.
Prevenção: cuidar das artérias é cuidar do tempo
Até a saúde intestinal entra nesse circuito, já que a microbiota influencia o metabolismo do colesterol. Esse dado recente reforça a visão de que combater o colesterol elevado não significa apenas reduzir números em um exame, mas preservar a flexibilidade e juventude das artérias.
No Dia Nacional de Combate ao Colesterol, a reflexão proposta pela Dra. Haila é clara:
“Você é tão jovem quanto suas artérias. Olhar para os números do colesterol é, acima de tudo, olhar para o futuro da sua saúde.”
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